Lembro bem da Dona Marieta, pequenina, doce, olhos miúdos , expressivos. Foi com ela que aprendi a ler e escrever.
Saudades daquela sala no porão de sua casa, onde crianças entre ela eu, espremidas naquele banco alinhado à mesa, rabiscava as primeiras palavras no caderno de brochura encapado com tanto esmero pela minha mãe.
Os anos foram passando, tive meus altos e baixos nos bancos da escola, porém nunca perdi o gosto pela leitura. Escrever....bem, não é o meu forte, mas posso afirmar que sempre consegui me expressar através da escrita, quando solicitada.
Lembro bem quando adolescente, meu pai discutindo com minha irmã formada em “Letras”, por florear demais a correspondência enviada aos seus clientes. Quando ela casou fiquei encarregada de redigir aos cartas para papai. Nervosa, passei para as mãos de meu pai o rascunho da minha primeira carta. Ele sentou, silenciosamente leu seu conteúdo, levantou e sorrindo disse: - Perfeito!
Nossa, fiquei muito feliz, pois papai era exigente e não poupava palavras para reprovar algo mau feito, daquele dia em diante só dizia o devia ser escrito e deixava o resto comigo, jamais trocou uma palavra do que eu escrevia, achava sempre tudo ótimo.
O tempo passou, hoje trabalho em escola, quando possível leio algo para as crianças, que adoram quando incorporo o personagem. É difícil despertar nos pequenos o gosto pela leitura, mas é muito bom quando os vejo viajando pelas palavras.......